DESAFIOS NO ACOMPANHAMENTO EM SAÚDE MENTAL PARA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA

Autores

  • Natália Aparecida Pimenta nataliapimentapsi@yahoo.com.br
    Universidade Federal de Uberlândia
  • Lidiane Gonçalves goncalves_lidiane@yahoo.com.br
    Universidade Paulista

DOI:

10.24281/rremecs.2018.09.15.saspnufu1.54

Palavras-chave:

CAPS, Cuidado, População, Rua

Resumo

O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) é um dispositivo territorial, possui uma equipe multiprofissional  que  atua sob a ótica interdisciplinar e da redução de danos. Tal instituição assiste pessoas em situação de crise e em processo de reabilitação psicossocial, compondo um grupo de quantidade significativa: pessoas em condição de rua. Atuar em um serviço como esse, exige do trabalhador engajamento e protagonismo, especificadamente, no cuidado a essa população. Objetivo: Deste modo, o objetivo do presente trabalho é relatar a experiência de psicólogas, que trabalham em CAPS de Uberlândia, no acompanhamento de usuários da saúde mental que estão em condição de rua. Justificativa: Tal trabalho pode auxiliar profissionais que atuam nesse campo a adotarem uma reflexão crítica  diante  fenômeno  aqui  tratado.  Desenvolvimento:  As  dificuldades  no  atendimento  a  esses indivíduos começam na porta de entrada, haja vista que os mesmos têm movimentos territoriais com fluxos inconstantes e diversos, dificultando a vinculação dos mesmos na unidade e, assim, realizar as ações amplas e eficazes. Ainda no processo de acolhimento, esses sujeitos demandam condições básicas, tais como,  banho,  alimentação, albergamento, vestimenta, exames clínicos e atendimentos especializados,  dentre  outros. Essas questões, no entanto, nem sempre são possíveis de articulação dentro da unidade e / ou nas redes de atenção, revelando um descompasso na oferta de serviço em relação à demanda, fato que pode fragilizar ainda mais o vínculo do usuário com a instituição. O Projeto Terapêutico Singular (PTS) do paciente é construído e problematizado, cotidianamente, porém é desafiador sustentar um PTS, radicalmente, amplo e integrado, quando a relação que o paciente estabelece com o território exige que várias redes de cuidado (formal e informal) atuem de maneira organizada. O acompanhamento com essa população deve trazer contornos cuidadosos, persistentes e inovadores,  pois  é  em  cada  encontro  que  se  revela  uma  possibilidade  diferente  de  cuidado. Outro problema enfrentado são as barreiras de acesso impostas a esses acompanhados no intra e intersetor, sejam eles: a exigência de documentos para serem atendidos, a negativa da assistência devido ao autocuidado comprometido, a burocracia dos fluxos e protocolos, que se sobrepõem à singularidade dos sujeitos, acentuando ainda mais a desagregação no cuidado. Um dos maiores obstáculos é tecer uma assistência sob as diretrizes da atenção psicossocial em uma lógica de desenvolvimento social que se traduz no imperativo da “saída da rua” e da abstinência das drogas, em um padrão contemporâneo de higienização  da  produção  da  vida.  Conclusão:  Por  fim,  cabe  apontar  que  a  ausência  e  a  atuação inoperante no Sistema Único de Saúde (SUS) e no Sistema Único de Assistência Social (SUAS), bem como, suas práticas contraditórias imprimem uma antirreforma velada em uma transinstitucionalização (fragmentada, pontual e inacessível).

Publicado

04-06-2019
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Como Citar

PIMENTA, N. A. .; GONÇALVES, L. . DESAFIOS NO ACOMPANHAMENTO EM SAÚDE MENTAL PARA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA. Revista Remecs - Revista Multidisciplinar de Estudos Cientí­ficos em Saúde, [S. l.], p. 54, 2019. DOI: 10.24281/rremecs.2018.09.15.saspnufu1.54. Disponível em: http://revistaremecs.com.br/index.php/remecs/article/view/171. Acesso em: 17 set. 2024.