DESAFIOS NO ACOMPANHAMENTO EM SAÚDE MENTAL PARA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA
DOI:
10.24281/rremecs.2018.09.15.saspnufu1.54Palavras-chave:
CAPS, Cuidado, População, RuaResumo
O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) é um dispositivo territorial, possui uma equipe multiprofissional que atua sob a ótica interdisciplinar e da redução de danos. Tal instituição assiste pessoas em situação de crise e em processo de reabilitação psicossocial, compondo um grupo de quantidade significativa: pessoas em condição de rua. Atuar em um serviço como esse, exige do trabalhador engajamento e protagonismo, especificadamente, no cuidado a essa população. Objetivo: Deste modo, o objetivo do presente trabalho é relatar a experiência de psicólogas, que trabalham em CAPS de Uberlândia, no acompanhamento de usuários da saúde mental que estão em condição de rua. Justificativa: Tal trabalho pode auxiliar profissionais que atuam nesse campo a adotarem uma reflexão crítica diante fenômeno aqui tratado. Desenvolvimento: As dificuldades no atendimento a esses indivíduos começam na porta de entrada, haja vista que os mesmos têm movimentos territoriais com fluxos inconstantes e diversos, dificultando a vinculação dos mesmos na unidade e, assim, realizar as ações amplas e eficazes. Ainda no processo de acolhimento, esses sujeitos demandam condições básicas, tais como, banho, alimentação, albergamento, vestimenta, exames clínicos e atendimentos especializados, dentre outros. Essas questões, no entanto, nem sempre são possíveis de articulação dentro da unidade e / ou nas redes de atenção, revelando um descompasso na oferta de serviço em relação à demanda, fato que pode fragilizar ainda mais o vínculo do usuário com a instituição. O Projeto Terapêutico Singular (PTS) do paciente é construído e problematizado, cotidianamente, porém é desafiador sustentar um PTS, radicalmente, amplo e integrado, quando a relação que o paciente estabelece com o território exige que várias redes de cuidado (formal e informal) atuem de maneira organizada. O acompanhamento com essa população deve trazer contornos cuidadosos, persistentes e inovadores, pois é em cada encontro que se revela uma possibilidade diferente de cuidado. Outro problema enfrentado são as barreiras de acesso impostas a esses acompanhados no intra e intersetor, sejam eles: a exigência de documentos para serem atendidos, a negativa da assistência devido ao autocuidado comprometido, a burocracia dos fluxos e protocolos, que se sobrepõem à singularidade dos sujeitos, acentuando ainda mais a desagregação no cuidado. Um dos maiores obstáculos é tecer uma assistência sob as diretrizes da atenção psicossocial em uma lógica de desenvolvimento social que se traduz no imperativo da “saída da rua” e da abstinência das drogas, em um padrão contemporâneo de higienização da produção da vida. Conclusão: Por fim, cabe apontar que a ausência e a atuação inoperante no Sistema Único de Saúde (SUS) e no Sistema Único de Assistência Social (SUAS), bem como, suas práticas contraditórias imprimem uma antirreforma velada em uma transinstitucionalização (fragmentada, pontual e inacessível).
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