GRUPO REFLEXIVO E PROMOÇÃO DE SAÚDE MENTAL À MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Resumo

A violência doméstica e, especialmente a violência doméstica direcionada às mulheres, constitui-se como um fenômeno altamente presente nos entornos sociais e culturais de todo o mundo. No Brasil, notícias evidenciam e constantemente atualizam aumentos nos números de notificações de casos  de  violência  contra  mulheres,  podendo  essa  ser  física,  psicológica,  sexual,  patrimonial  e/ou simbólica (CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2018). O crescente número de estudos relacionados às questões de gênero e de violência nas últimas décadas apontam para uma significativa prevalência do público feminino enquanto vítima de violências domésticas, como também identificam seus parceiros íntimos como os principais agressores (HANADA, D´OLIVEIRA & SCHRAIBER, 2010). Justificativa: Tais informações recolhidas de notícias e estudos evidenciam a violência doméstica contra mulheres enquanto problema sociocultural, cujos efeitos ferem a dignidade humana e colocam em risco a vida um grande número de mulheres, revelando, portanto, a emergente necessidade de intervenções à níveis social, cultural, institucional, familiar e individual. Desenvolvimento: Compreendendo a violência doméstica direcionada à mulher como uma questão de política pública demandante de cuidados sociais diversos, este trabalho busca  promover  ações  de  assistência  à  saúde  mental de mulheres que vivenciaram e/ou vivenciam situações de violência doméstica com seus/suas atuais ou antigos parceiros(as) conjugais por meio de reflexões advindas dos encontros de um grupo reflexivo, o qual está sendo facilitado por uma profissional da Psicologia, e realizado semanalmente nos espaços de uma Organização Não Governamental em Uberlândia, a qual busca apoiar, orientar e encaminhar indivíduos que vivenciam violência doméstica, conjugal e familiar. A partir do referencial teórico do Construcionismo Social, a experiência no grupo reflexivo pode ser compreendida como uma prática onde diferentes descrições sobre como nos relacionamos, a partir de um lugar socialmente definido, são expostas e confrontadas (BEIRAS & BRONZ, 2016). O grupo em questão objetiva propiciar momentos de convívio e de diálogos entre mulheres que vivenciam e/ou vivenciaram violência doméstica com seus/suas atuais ou antigos parceiros(as) conjugais, bem como reflexões potentes para promover uma imersão crítica e novos olhares sobre o cotidiano relacional de suas participantes. Conclusão: Por meio da fomentação de reflexões em torno da temática da violência doméstica contra a mulher, bem como do acompanhamento e acolhimento de mulheres que vivenciam e/ou vivenciaram tal configuração de violência, percebe-se que o grupo reflexivo ainda vigente propicia às usuárias da Instituição momentos de desabafo, escuta, identificação e apoio em torno da experiência de violência nas relações afetivas, bem como novos entendimentos sobre experiências de violência e formas de relacionar-se, os quais aos poucos abrem possibilidades para a construção de relações amorosas mais equitativas. Dessa forma, conclui-se que o grupo reflexivo, ainda que não finalizado, já se mostra como um potente instrumento de cuidado psíquico no que se refere às mulheres que apresentam histórias marcadas pela violência doméstica.